domingo, 24 de maio de 2009

Uma visão ousada e sarcástica

AMOR OU POLÍTICA: SÓ AMAMOS O QUE NÃO DÁ CERTO

Fritz Utzeri

Vocês já repararam que os grandes casos de amor são os que não dão certo? Não estou dizendo que o amor não dá certo. "Casaram e viveram felizes para sempre", que encerra os contos de fada, ainda é considerado um modelo. Mas então por que na vida adulta só nos lembramos e nos emocionamos justamente com o que não funciona segundo esse modelo? Qual é a história de amor mais popular de todos os tempos? Aposto que a maioria vai dizer Romeu e Julieta. Pois é, esses dois adolescentes, frutos de famílias inimigas, amam-se com a mesma intensidade com que suas famílias se detestam. Fazem de tudo para "casar e viver felizes para sempre", o que inclui dar ouvidos a um padre idiota e acabar se suicidando, num dos maiores mal-entendidos da literatura.
Agora imaginem se o padre fosse mais esperto, os jovens menos afoitos e ninguém tivesse tido a ideia de introduzir veneno no texto. Depois de muito namoro escondido, ambos fugiriam e se casariam bem longe de Verona. Como naquela época deserdava-se filho, iam comer o pão que o diabo amassou. Já imaginaram Julieta costurando para fora e Romeu trabalhando como segurança num banco dos Médicis, em Florença?
Romeu chega tarde em casa e encontra Julieta, que mal dá conta de cuidar dos sete (ou oito) filhos e ainda tem que preparar a pasta (massa) para o adorável marido, que faz questão de juntar ao macarrão do dia-a-dia uma novidade recém-chegada da América: o pomodoro (pomo de ouro, como até hoje os italianos chamam o tomate). Já pensaram na Julieta lavando roupa na beira do Rio Arno e aguentando o mau humor de Romeu, que deu para beber...
Vamos da literatura para a ópera. O que será que teria acontecido com Don José se tivesse se casado com a suave Micaela, a moça do xale azul? Provavelmente chegaria ao posto de comandante dos gendarmes que policiavam Sevilha. Carmen uma verdadeira "chave de cadeia", teria acabado em cana, mas quis o destino que a cigana atirasse uma rosa e enfeitiçasse o nosso "brigadier".
Aí tudo passou a desandar, mas - ao mesmo tempo - a ficar interessante. Amor selvagem, sexo idem, deserção, traição, contrabando, degradação, ciúmes, o tema musical da morte e Escamilho... Desprezo e... Tchaaaan! O clímax... Uma lâmina que brilha... Sangue: "Podem me prender, fui eu que a matei, ó minha Carmen adorada!", clama Don José, ante o corpo sem vida da cigana. Não é à toa que Carmen é a mais popular (novamente) e uma das mais belas trilhas operísticas já compostas.
Por que falo nisso? A verdade é que a normalidade, seja no amor, seja no que mais for, não é notícia em jornal. Gostamos do que é fora do comum. Vocês acham que a política sueca é interessante? Lá ninguém rouba (ou se rouba, o faz com prudência e moderação), as coisas funcionam, é um tédio. Entre nós é o contrário. É igual às histórias de amor que não dão certo: rouba-se sem pudor e ainda se escarnece da plateia. E não somos sequer originais. Tente se lembrar de um imperador romano que excite a imaginação. Aposto que a maioria vai dizer: "Nero!". E por quê? Porque tacou fogo em Roma, ora essa!

PS - Se não fez muito sentido para você, paciência, para mim deixou de fazer há muito.

Genial o texto, não?!
Eu ri muito quando o li. Sarcástico, irônico e extremamente engraçado. Além de nos presentear com uma fácil leitura.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

A melhor interpretação

Há tempos estou para postar este vídeo aqui. É estupenda a interpretação de Maysa!
A letra é incrível, mostra com clareza a total submissão do amante pelo ser amado.
Eu, particularmente, quando assisti a esse vídeo fiquei hipnotizada. E ainda mudei de ideia em relação ao francês. Antes não queria aprender de jeito nenhum, mas vi que perderia muito se continuasse com esse pensamento.

Segue então Ne Me Quitte Pas de Jacques Brel, interpretada de forma magnífica pela cantora que tinha como maior medo o de amar e não ser amada.
Lembrete: Maysa errará a letra logo no início.





Comentário a parte: Eu vivo cantando essa música. Canto sem o sotaque adequado, mas canto.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Curiosidades, parte II

- Quando estou com raiva, MUITA raiva, eu ouço o "Tempo Não Pára" de Cazuza. É como se a guitarra (a parte em que ela predomina) abstraísse todo o veneno corrosivo que às vezes eu costumo armazenar em mim. E eu escuto 1 milhão de vezes berrando junto com ele: "Eu vejo o futuro repetir o passado." Não necessariamente como na música, mas o meu futuro insiste em repetir o passado em apenas um quesito.
- Quando estou triste eu como muito chocolate. Aliás, eu como excessivamente, já que chocolate faz parte do meu cardápio diário.
- Quando estou confusa eu vou para o mar. E quantas vezes ele já não foi testemunha das minhas angústias, aflições, tristezas... Quanta mágoa ele já não levou para suas águas fundas!

- Quando reajo eu canto. E canto sem sentir calafrios. Canto porque, como dizia Vinicius, "Mais que nunca é preciso cantar!".
- Quando eu sinto calafrios é porque "tá tudo errado" ainda não foi embora.

- Quando eu já não sinto mais os calafrios é porque eu superei o problema, seja ele qual for.

É esse o processo pelo qual eu passo: Calafrios, Raiva e Calafrios, Tristeza, Calafrios, Confusão e Calafrios, Canto, Canto e Superação.
Ao final de todo o processamento eu tenho Paz.
Mas do que adianta você ter paz se não continuar? Digo, continuar se permitindo, acreditando. Ações contrárias as quais eu realizava antes.
Hoje, agora, aqui, nesse momento, eu irei reconstruir o meu jardim. Sabe aquele "Jardim Secreto"? Então, ele ficou muito tempo esquecido "Nas Profundezas do Mar Sem Fim". Às vezes o mar leva coisas que não deveria.

Esse jardim agora será repleto de tudo o que um jardim precisa para ser um jardim. Eu não me fecharei mais, porém, só entrará nele quem tiver aquela chave de ouro. É ele quem estará trancado com muito cuidado, pronto para a qualquer hora ser aberto e utilizado por pessoas que merecem desfrutá-lo.

Colocarei a terra preta e depois as sementes.
Regarei com paciência e esperança.
Com as minhas próprias mãos plantarei mudas de todas as flores.
Terei uma fonte de onde sairá água que corre do rio.
Rio que corre por debaixo de uma ponte e que terminará nas águas do mar.
A chuva ajudará a crescer mais depressa as árvores, principalmente as com frutos.
Nos galhos fortes pendurarei dois balanços.
Entre, pode olhar. Quer se sentar ao meu lado?

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Curiosidades

Resolvi abrir um espaço para contar um pouquinho mais da minha vida. Esse texto é só o início.
Não adianta ser reservada o tempo todo, não é?! Há coisas que devem ser compartilhadas e outras não. Acho que se eu me permitir mais, posso tornar este blog um pouco mais dinâmico. É isso que estou buscando no momento: dinamismo.
Eis aqui então algumas curiosidades. Umas um tanto quanto engraçadas e, digamos que, bastante atrapalhadas.

Eu moro sozinha. E quando se mora sozinha é preciso ter cuidado, precaução. Você não tem ninguém ali para te acudir quando alguma coisa acontece de forma errada. Disciplina é tudo nesse caso.

A primeira história que me aconteceu foi logo no primeiro ano de "independência". Eu havia acabado de chegar em casa com muita raiva. Estava tudo dando errado. As notas de Física no colégio eram as piores possíveis, eu não conseguia entender o porquê já que eu estudava muito; vivia desequilibrada e de tudo fazia tempestade em copo d'água. Enfim, juntando todos esses problemas eu abri a porta de casa com toda a força, joguei a bolsa no sofá e falei com firmeza: "Quer saber?! Eu vou chutar o pau da barraca!" Nesse momento eu chuto o chão com a perna direita e, sabe-se lá porquê, a perna esquerda vai junto.
Resultado: caí de bunda no chão, sozinha, no meio da sala. E o que eu falei depois? "É isso aí, Bruna!" Com um pensamento de "é muito retardada mesmo."
Ninguém merece, né?! É o cúmulo de... não sei do que é o cúmulo.
E esse acontecimento foi perigoso porque há muito tempo atrás eu caí desse mesmo jeito e perdi o ar. Quem me socorreu foi meu professor de natação e, se não fosse ele, eu ia pras cucuias. Grande Fábio! (descanse em paz)

Outro ocorrido foi eu ter caído imbecilmente batendo a cabeça na quina da escrivaninha.
Eu tenho um cachorro de pelúcia chamado Lelão, meu pai quem deu o nome por causa das orelhas enormes dele. Ele é bem grande e fica no meio do meu quarto, entre a entrada e o local onde fica o telefone. Eu costumava deixar a minha mochila em cima dele. Mochila essa que diziam que tinha chumbo, já que eu carregava livros e apostilas de todo o tipo. Dá pra imaginar então o tamanho da barreira que se formava no meio da passagem do quarto.
Pois muito bem, o telefone tocou enquanto eu estava na sala e eu saí correndo para atender. Terminada a ligação eu tentei pular a "incrível barreira". Mas de novo, sabe-se lá o porquê, a minha perna não acompanhou o meu pensamento de "agora eu vou pular" e ficou na mochila. Resultado: eu caí para trás e bati a cabeça fortemente.
Ainda bem que foi uma batida que não trouxe tantos malefícios. Eu poderia ter desmaiado, ou coisa assim. Minha cabeça poderia sangrar e quantas coisas mais poderiam ter acontecido.

Uma outra trapalhada foi a senhorita aqui ter resolvido colocar a roupa para lavar de madrugada. Coloquei sabão em pó na máquina e a deixei lá, rodando. Fechei a porta e minutos depois eu a abro e o que vejo? Nada! Só sinto um monte de espuma caindo e tomando conta do meu corpo. Eu pensei que essas coisas só acontecessem em novelas e filmes. Mas como minha vida é uma novela, nada mais normal.
Resultado: tive que limpar TODA a bagunça DE MADRUGADA.

Um outro acontecimento foi ligado ao Fandangos. Sempre vem algum adesivo dentro dele. Então terminei de comer e fui cortar o saquinho que embalava a surpresinha. Coloquei-a entre os meus dedos, peguei a tesoura com a outra mão e TCHANAN: adivinhem o que eu cortei? Sim, os meus dedos.
Agora vê se pode? É muito cega mesmo. Até hoje eu não entendi porque tesourei meus lindos dedinhos.

Para terminar sempre tem o ápice. Então vamos lá: Eu estava passando roupa quando o ferro caiu e quebrou. Não sei de onde eu tirei a ideia de levantá-lo e tentar continuar passando a roupa. Eu, loucamente, pego o ferro pelo fio que estava segurando uma de suas partes completamente escangalhadas e o levanto. Nesse instante o fio solta uma faísca e tudo que estava aceso no meu apartamento se apaga. Eu fiz uma cara de "Meu Deus, o computador queimou!" Sim, ele estava ligado. "A geladeira, a televisão... ai, tou ferrada!" Mas eis que uma lâmpada se acende em cima da minha linda e tonta cabecinha como nos desenhos animados e eu tenho, claro, a brilhante ideia de desligar e ligar os disjuntores. É, não sejamos tão cruéis. Ainda resta um pouco de bom senso e inteligência nessa mente.
E não é que deu certo? Foi só um curto circuito. Só? Claro que não! Imagina o que poderia ter acontecido? É, mas não aconteceu.

Afinal, sempre há uma luz no fim do túnel, ou melhor, nos fios do disjuntor.
(piadinha infame, admito).

sábado, 16 de maio de 2009

Solidão, segundo Vinicius de Moraes

"A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro. O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes da emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre."


Vinicius de Moraes

quarta-feira, 13 de maio de 2009

domingo, 10 de maio de 2009

O Maior Amor do Mundo

Você lutou para que eu viesse ao mundo. E quantas batalhas perdidas não foram, né?! Mas claro, como recompensa, tinha que vir ao mundo uma preciosa garota chamada Bruna, esperta, inteligente, linda, morena, vitaminada e nada convencida.
Você deve estar pensando: “mas hoje é o Dia das Mães, ela tem que falar de mim!” E agora eu digo: “mas hoje só é o seu dia porque eu existo, minha querida!” Portanto, não tem como me deixar de lado só um pouquinho. Afinal, nós estamos interligadas.

Eu não tenho a mínima ideia de como é ser mãe. A única coisa da qual eu tenho certeza e, espero me sentir assim um dia, é que você se torna completa. O verdadeiro amor você encontra com os filhos. Só um ser é capaz de doar o maior amor do mundo sem esperar nada em troca. Um ser fora de série. Capaz de se desdobrar em mil para dar conta de tudo que lhe foi confiado.
Me diz que mulher faria faculdade, daria atenção a uma adolescente em fase crítica, aguentaria um marido temperamental e atenderia os deveres da casa ao mesmo tempo? Sem contar nos pepinos do trabalho e seus próprios problemas. Pois muito bem, eu digo. Essa mulher é a minha mãe!
Mãe, eu só vi de fora tudo o que você passou. E na época eu nem imaginava como devia ser difícil. Agora é que eu parei para imaginar e tentar entender. Caramba, quantas lições!
Assim eu começo a lembrar do seu esmero ao preparar minha comida, de quando você lia aquela Bíblia Júnior de capa roxa pra me fazer dormir, de quando você me obrigava a decorar a tabuada. Ah, eu nunca cheguei a decorá-la toda! (risos) E das vezes em que você me acordava sábado de manhã cedinho pra me fazer tomar a vitamina de banana. Quando você me chamava de “Britz on The Way” e eu me irritava. Quando eu resolvia cantar “manhêê, o Tonico me bateu...” Cara, como eu era irritante! Tanto é que você me chamava de “purgante amanhecido”. E às vezes também de “sombra”. Não importava para onde você fosse, eu te seguia.
Nossa, são tantas lembranças. O importante é ressaltar que você errou e acertou inúmeras vezes. E eu lembro que você sempre falava: “Tudo o que eu faço é para o seu bem.” E mãe, não foi em vão. Se eu sou o que sou hoje é por sua causa. Seu maior acerto, na minha opinião, foi ter engravidado e tido a honra de me criar. (Isso tá ficando meio narcisista, mas tudo bem). “Bruna acha feio o que não é espelho!”
Eu acho que a melhor coisa que nós fazemos juntas é gargalhar. Como a gente se diverte! Hoje eu tenho em você uma grande amiga, a melhor de todas. Antes a gente se desentendia que era uma beleza. E depois, analisando uma frase do meu pai nos seus momentos de raiva: “Você é igualzinha à sua mãe!”, eu vejo que é verdade. Nada mais normal do que duas pessoas com gênio forte baterem de frente.
Afora tudo isso, só você pra gravar o meu nome no pulso!
Olha só:

Tatuagem (Chico Buarque)

Quero ficar no teu corpo
Feito tatuagem
Que é pra te dar coragem
Pra seguir viagem
Quando a noite vem
E também pra me perpetuar em tua escrava
Que você pega, esfrega, nega
Mas não lava
Quero brincar no teu corpo
Feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem
E nos músculos exaustos do teu braço
Repousar frouxa, farta, murcha, morta
De cansaço
Quero pesar feito cruz
Nas tuas costas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas
Quando a noite vem
Quero ser a cicatriz risonha e corrosiva
Marcada a frio, ferro e fogo
Em carne viva
Corações de mãe
Arpões, sereias e serpentes
Que te rabisca o corpo todo
Mas não sentes

Eu pensei em escrever um texto todo bonitinho e organizadinho. Mas achei melhor escrever o que vem à mente. Acho mais espontâneo e bonito do que pensar em cada detalhe. Entende?
Não é só isso, claro. O resto não tem como escrever. Está no dia-a-dia, nos nossos caminhos, nas nossas particularidades. No nosso Showzinho Particular!
Parabéns, mãighi!
Eu te amo.

sábado, 9 de maio de 2009

O palco é nosso


Uma geração ousada que se deparou com barreiras, percalços, assassinatos, torturas, sequestros, pressão. E que ainda assim, com todas as adversidades, sonhou, persistiu e lutou até a morte.
Somos todos na vida, qualquer um de nós, vilões e heróis. E como cada um eles erraram e acertaram. Mas tentaram pelo simples fato de acreditar que talvez um dia, quem sabe um dia, aquele dia daria tudo certo e que se faria justiça através da união.
E como disse Mário de Andrade: "Não devemos servir de exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição."
Nesse exato momento eu estava de mãos dadas com a minha amiga Fernanda Lemos, que complementou o meu texto com essa grandiosíssima frase.
Esse foi o final da introdução de um trabalho de História que nos colocou à prova de superação. Quantos problemas nós infrentamos para permanecermos juntos até o final? A essência do trabalho era exatamente essa e, sem saber, estávamos na iminência de jogá-la fora! É, trabalhar em conjunto não é uma tarefa fácil.
Esse texto espelha justamente o que passamos.
Rebecca, Fernanda, Camila, Jéssica, Ana Carolina, Gabriel, Lucas e Guilherme.
Obrigada por tudo!
Até pelas lágrimas. Sim, elas valeram a pena.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Poeminha

Hoje estou sem inspiração, sem vontade para produzir alguma coisa de minha autoria. Mas vim aqui só "Pra Não Dizer que Não Falei das Flores".
Esse poema que irei colocar aqui é do Drummond, creio eu. Não tem título, mas é uma gracinha.

Amar o perdido
Deixa confundido
Este coração

Nada pode o olvido*
Contra o sem sentido
Apelo do não

As coisas tangíveis
Tornam-se insensíveis à palma da mão

Mas as coisas findas
Muito mais que lindas
Essas ficarão.

*olvido: esquecimento

Nunca me esqueci dele.
O final é tão lindo, não é verdade?!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

"Afinal, que língua é a nossa? Portuguesa ou Brasileira?"

Minha resposta a essa pergunta foi: Pode-se dizer que há uma Língua Brasileira, pois com o decorrer da história a Língua Portuguesa tomou sonoridade, fluência e vocabulário diferentes. Misturando-se com as influências do tupi-guarani e da língua afro. O que confere, de certa maneira, um modo particular de se falar e escrever.

Agora confiram a nota feita pelo meu professor de Linguística, André Valente.

Nota: "Não obstante haver diferenças de pronúncia e de vocabulário entre Brasil e Portugal, não se pode afirmar, ainda, que já existe uma Língua Brasileira.
Há sim, duas culturas diferentes: a portuguesa e a brasileira. Ao expressá-las, encontramos uma única: a portuguesa.
Como todas as línguas evoluem, pode-se dizer que vivemos aqui uma transição linguística. Temos, então, hoje no Brasil, o Português Brasileiro ou o Português Americano."


Só se altera uma língua quando se muda o seu sistema, a sua estrutura. O que ainda não ocorreu em grande escala entre os dois países.
Surgem alguns sinais de mudança sistêmica, como no quadro dos pronomes na fala brasileira.


É coerente. Mas eu já defendo a existência de uma Língua Brasileira.
Se formos levar em conta o padrão exigido para diferenciar as duas línguas, eu sinto ter que dizer, mas nós continuaremos com uma Língua Portuguesa um pouco às avessas.


Partindo para outro assunto...
Esse tema me fez pensar em algo que eu gosto muito: a influência da língua indígena no nosso cotidiano. Já pararam para pensar em quantos nomes indígenas nós temos nomeando ruas, praias, estabelecimentos, monumentos, parques, etc?
Em Niterói-RJ há uma predominância interessantíssima. Não é à toa, já que quem fundou a cidade foi um índio chamado Araribóia. Nome este, que por sua vez, tem como significado "Cobra das Tempestades" ou "Cobra Feroz".
Desde que cheguei aqui resolvi procurar o significado de alguns nomes.
Eis então algumas "curiosidades":
Itacoatiara (a praia da foto, uma das mais bonitas de Niterói, na minha opinião) - pedra pintada;
Itapuca - pedra furada;
Itaipu - pedra cantante;
Itaboraí - pedra bonita;
Niterói - águas calmas;
Icaraí - água escondida;
Piratininga - peixe seco;
Ibirapuera - árvore podre;

Há muitas outras, claro. Mas aí eu terei de pesquisar mais.
Por hoje tá de bom tamanho, né?!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

"What? Well, hum... sorry!"

Today I decided to write in English. I don't know the reason yet, but to tell you the truth I know. I spent 6 years of my life learning this FUCKING language. And now I realize that, if I don't practice, I'm gonna forget a lot of things. This is kind of obvious.
One day I forgot how to say "aluno". Then I thought: "Come on Bruna, it's student. How can you forget this?" You know, the process of thinking in English will get slow. And mine is getting dow.
I don't know even if I'm writing right. I just told, I forgot a lot of words, expressions... oh, this is ridiculous!
My dad told me: "If you finish the course I will pay an interchanging for you." Right, I finished, not because of the "promise", but because I knew that one day English would be so important on my career. So, the question is: and the promise? where is?! My dad is great, really great.
Wanna know? I will pay an interchanging or a trip just to practice this language.
You learn, but you learn in Brazil. It's different. A lot of people say that when they go to EUA, Canada, etc, they asked themselves: "What am I doing here? I don't know how to speak English!" or " I don't understand a word that they (americans) are talking about!"
This happens a lot and it's normal.
It's like a shock.
So, to finish this text I want to thank CCAA. Everything that I know it's because of the teachers, sure. But more of the method.
The one that don't have translates and obligates you to THINK in English. And it's repetitive. (I don't know if this word exist).
Much better, isn't it? You really learn. If you want, of course.
That's it.
Sorry of any mistake that I made.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Não vou deixar em preto

Estive pensando em escrever sobre "As histórias que não escrevi". Mas pensei melhor e vi que não tinha cabimento. Além de ser completamente paradoxal é negativo.
E... bom, NÃO quero deixar de escrever um dia! E mesmo que eu não tenha inspiração para fazer um bom texto, publicarei outras coisas que também sejam legais e sirvam para enriquecer esse espaço. Ora mais, vê se pode? Sai dessa, garota.
Então, como eu sou apaixonada por Literatura sempre que puder irei colocar alguma poesia ou um texto bem bonito. E agora eu pensei de novo: "Poxa, como eu não pensei que não poderia ter inspiração lendo outros textos? E sabe do que mais? Eu posso até comentar!"
Belíssima conclusão a qual eu cheguei, né?! (risos)
Vamos ao que interessa e, para isso, dedos aos quadradinhos!
AMOR MENINO
"Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo as colunas de mármore, quanto mais à corações de cera! São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas, que partem do centro para a circunferência, que, quanto mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino; porque não há amor tão robusto que chegue a ser velho. De todos os instrumentos com que o armou a natureza, o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira; embota-lhe as setas, com que já não fere; abre-lhe os olhos, com que vê que não via; e faz-lhe crescer as asas com que voa e foge. A razão natural de toda essa diferença é porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhe os defeitos, enfastia-lhe o gosto, e basta que sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor? O mesmo amar é causa de não amar e o ter amado muito, de amar a menos."
Pe. ANTÔNIO VIEIRA, Sermões

Há uma música que tem a ver com o texto acima.

Resposta ao Tempo (Cristóvão Bastos e Aldir Blanc)

Batidas na porta da frente
É o tempo
Eu bebo um pouquinho
Pra ter argumento

Mas fico sem jeito
Calado, ele ri
Ele zomba
Do quanto eu chorei
Porque sabe passar
E eu não sei

Num dia azul de verão
Sinto o vento
Há folhas no meu coração
É o tempo

Recordo um amor que perdi
Ele ri
Diz que somos iguais

Se eu notei
Pois não sabe ficar
E eu também não sei

E gira em volta de mim
Sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro
Sozinhos

Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto

E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Pra tentar reviver

No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer

A interpretação de Nana Caymmi nesta música é fantástica!

Como dizia Vinicius de Moraes: "... que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure."
E quando acabar, que acabe da forma mais amigável possível.
Devemos cultivar as relações!

sábado, 2 de maio de 2009

As histórias que eu escrevi

Como eu não tive essa ideia "brilhante" antes? Estive pensando no que escrever e, vendo uma cena da novela Caminho das Índias, fiz uma série de ligações. O Dr. Kadori (psiquiatra) estava conversando sobre esquizofrenia com um dos funcionários do centro psiquiátrico no qual trabalha. E um dos seus comentários era de que o esquizofrênico pode ser brilhante. O funcionário, então, comentou sobre o filme "Uma Mente Brilhante". Nesse mesmo instante minha mente voltou ao passado e ligou tais fatos: trabalho de matemática - o filme - assisti 5 vezes.

Estava claro que eu deveria escrever sobre isso. Mas que grande surpresa me trouxe a novela, hein?! Inspiração.

Na 8ª série, hoje 9º ano, minha professora de Matemática, Priscila Meira, pediu para que assistíssemos esse filme e fizéssemos um resumo sobre ele com o olhar matemático. Eu, claro, prontamente assisti ao filme. Logo depois iniciei o resumo e confesso que tive dificuldades. Eu mostrei para minha mãe o pouco que havia feito e ela me alertou: "Sim, tá legal. Mas não se esqueça de que você deve fazê-lo voltado para a Matemática!"
"E como eu faço isso, mãe?", perguntei.
Ela, claro, me auxiliou. Assim eu pude realizar um glorioso resumo, do qual eu tive muito orgulho. Pois assisti ao filme exatas 5 vezes.
Esforço e interesse maiores que o meu não tiveram. Eu realmente me apaixonei pela história de vida de John Nash.


John Nash é matemático, professor e portador do Prêmio Nobel de Economia. Iniciou sua vida acadêmica com uma bolsa de estudos na Universidade de Carnegie Mellon. Primeiramente estudando química e, mais tarde, matemática. Com um curso de "Economia Internacional", teve contato com teorias acadêmicas que o levaram a formular suas próprias ideias e trariam grande relevância no estudo da economia. Essas ideias lhe renderiam o Prêmio Nobel anos mais tarde.
John se formou com um mestrado e decidiu continuar os estudos para obter o doutorado em matemática. Seguiu então para a universidade de Princeton.
Lá ele se recusava a comparecer às aulas e palestras. Salientava ainda que as aulas entorpeciam a mente impedindo qualquer um de ter uma capacidade criativa. Motivo esse, que o levou a desistir do curso de Química, pois achava baixo o pensamento criativo exigido pela matéria.
Aprendia sozinho e se recusava a ter ajuda de professores e livros. Queria desenvolver teorias e pensamentos sem qualquer influência externa.
Nash sofria de esquizofrenia desde o início dos estudos na faculdade, porém tal problema se agravou enquanto lecionava na universidade de MIT (Massachussets Institute of Technology). Nesse meio tempo aconteceram duas coisas que mudariam o rumo da sua história: casou-se com Alicia, estudante de física, com quem teve um filho, e foi internado.
O tratamento consistia em sessões de eletroconvulsoterapia, conhecida vulgarmente como "choque" e ingestão de antipsicóticos. Mesmo sob o efeito desses medicamentos, Nash conseguiu produzir grandes trabalhos matemáticos. E é neste momento em que entra o "olhar matemático".


Por que "Uma Mente Brilhante"? Nash sofria alucinações que vinham em forma de perseguição e de três "amigos". Um deles era uma menina.
Durante anos convivendo com esse distúrbio ele percebeu que a menina não crescia e, portanto, não podia ser real. Ou seja, o seu raciocínio lógico altamente desenvolvido pela matemática fez com que ele, aos poucos, ignorasse os delírios causados pela esquizofrenia paranóica.
Somente uma mente brilhante é capaz de raciocinar desse modo em meio ao desespero.


John Nash recebeu o Prêmio Nobel em 1994;
Sua tese, o "Equilíbrio de Nash", revolucionou o estudo de estratégia econômica;
Ele voltou a trabalhar e, hoje, ensina matemática na Universidade de Princeton, em Nova Jérsei;


Essa é uma história que realmente me envolveu e merece toda a minha atenção.
É emocionante saber a luta de uma pessoa contra uma doença tão grave. E é mais gratificante ainda tentar entender como a mente funciona e como ela funcionou em um momento tão difícil na vida de Nash.
Ele, sem sombra de dúvida, é genial.
O que a matemática não faz, ou melhor, não fez?


Aconselho ver o filme. É realmente maravilhoso!