sábado, 31 de outubro de 2009

Um beijo não é só um beijo

Há muito tempo, mas há muito tempo mesmo, venho pensando em escrever algo sobre "Um beijo não é só um beijo". Título criado por mim desde que recebi um beijo que era apenas um entre tantos outros.

Pensei em várias formas de escrever o que eu estava sentindo, mas não conseguia de jeito nenhum. Então resolvi deixar anotado em um caderninho para que um dia eu pudesse voltar a pensar no assunto. Aliás, meus textos são organizados assim: palavras-chave ou títulos ficam anotados em uma agenda. Quando estou disposta a escrever sobre um desses assuntos que me vieram à mente, escolho um e começo a correr as letras.

Dessa vez aconteceu algo diferente do meu "ritual".

Nessa quarta-feira, indo para a faculdade, tive aquela super lâmpada acesa em cima da cabeça em meio a sono, cansaço e um pouco de desconforto causado pela lotação do ônibus. Meio tonta porque estava tentando dormir, lutei contra as pálpebras que teimavam em fechar e peguei o único objeto que estava acessível, já que sobre a minha mochila estavam bolsas que me ofereci para segurar.

Foi através do celular que saí apertando botão por botão até formar uma poesia. Sim, uma p-o-e-s-i-a. Meus sentimentos guardados simplesmente desabrocharam em leves versos.

Segue então, o alívio escrito:

Um beijo não é só um beijo

Eu já beijei uma boca de melancia
e outra de maracujá,
mas não beijei ainda
aquele que água na boca dá

Dispenso o que é pouco profundo
E onde espaço para sentimento não há
Critico a superficialidade
que existe num banal ato de ficar

Eu quero um beijo apaixonado
Aquele que falta o ar
Que como nos clássicos de cinema,
vira a cabeça e te faz ofegar

Um beijo não é só um beijo
Envolve outras coisas mais
Porém, para algumas pessoas
Ele se torna mais um
Entre muitos "tanto faz".

Uma observação para aqueles que talvez não entenderam o que eu quis dizer: nem sempre o ato de ficar é superficial. Essa poesia é voltada a um caso específico e pessoal. E além do mais há quem goste de sair por aí sem compromisso. (Cá entre nós, quem já não fez isso?) Nada contra, mas eu como uma romântica irremediável confesso: acho que tudo ficaria bem melhor com um pouquinho de sentimento, respeito e tato. O que existe num ato banal de ficar é um abismo entre duas pessoas.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Panis et Circenses

"Mandei fazer
De puro aço
Luminoso punhal
Para matar o meu amor
E matei
Às cinco horas na Avenida Central."



Sonho e Desejo


Atravessei,
na barriga tua
dois deles.
Como Kitana, sem dó
nem piedade.

E calei tua respiração
Sentindo raiva, mas não remorso

Arranquei de mim, o que era encravado teu
E sobre a fria pedra de mármore te deixei

Queria poder matar o outro também
Que pelo mesmo nome se chama
E igual gosto pelo postre se tem.

sábado, 24 de outubro de 2009

Escrita de fé

É a partir dessa paráfrase de "Profissão de Fé" que venho quebrar este jejum prolongado por mais de um mês.
O ato de escrever, como diz o poeta Olavo Bilac, requer perícia. É preciso escolher cada palavra minuciosamente para que o texto seja bom. É necessário ter paciência e vontade. Só assim posso fazer com que vocês entendam o teor da mensagem que quero passar.
O texto a seguir sofreu três grandes alterações. Somente na última, seguindo a proposta central do Parnasianismo, pude alcançar a "perfeição" que eu queria.
Espero que gostem.



Do mudo ao falado

Singin’ in The Rain (Cantando na Chuva) é um filme estadunidense do ano de 1952 produzido por Arthur Freed com direção de Gene Kelly e Stanley Donen.
O musical estrelado por Gene Kelly, Jean Hagen, Debbie Reynolds e Donald O’Connor mostra, de forma descontraída e bem humorada, a transição do cinema mudo para o cinema falado.
No filme, Don Lockood (Gene Kelly) e Lina Lamont (Jean Hagen), o casal mais famoso do cinema mudo, é obrigado a se adequar aos novos padrões da indústria cinematográfica. Até então o cinema era resumido a representações mudas com algumas legendas e som musical ao fundo.
A adequação a essa nova tendência foi proposta em “O Cavaleiro Duelante”, filme rodado com as novas exigências do mercado, mas que foi um fracasso devido à péssima dicção de Lina, o som fora de sincronia com as imagens e as falas em escalas altas e baixas que causaram insatisfação entre os telespectadores.
Nessa parte, segue uma das sequências mais engraçadas das filmagens. Mostrando o quão foi difícil, na época, seguir o desenvolvimento do cinema.
O mocinho da trama, insatisfeito com a má repercussão de “O Cavaleiro Duelante”, se junta a Kathy Selden (Debbie Reynolds) e Cosmo Brown (Donald O’Connor) para tentar salvar o filme que seria lançado em seis semanas. Juntos, eles tiveram a grande ideia de transformá-lo em um musical que, mais tarde, seria um grande sucesso.
É importante ressaltar que, embora Singin’ in The Rain tenha retratado a transição mudo - falado de uma maneira bem leve, na vida real esse período foi muito difícil. Além de ter sofrido boicotes e preconceitos, vários profissionais do meio perderam seus empregos por não conseguirem acompanhar as novas mudanças.
Há de se destacar também as resistências. O ator, diretor e produtor, Charles Chaplin, foi um dos mais relutantes que, mesmo vendo toda uma mudança nos padrões de cinema aos quais era acostumado, continuou realizando suas produções de outrora. Como Luzes da Cidade, Tempos Modernos e O Grande Ditador.
Fiel a essa importante fase do cinema, Singin’ in The Rain cita “The Jazz Singer”, filme considerado o marco da transição do cinema mudo para o falado.
O musical de 52 tornou-se uma verdadeira obra-prima, consagrado pelas maravilhosas interpretações e pelas músicas que atravessaram o tempo, imortalizando-o como um dos melhores musicais que Hollywood já produziu.