terça-feira, 23 de junho de 2009

Em que você acredita?

Uma discussão travada em sala de aula é a motivação deste texto.
Gabriel Gutierrez, professor de Sociologia, perguntou quem não acreditava em Deus. Três pessoas em meio a sei lá quantas outras, levantaram a mão. Eu era uma delas.

- Bruna não acredita em Deus? Por quê? - perguntou ele
- Ah, se tem uma coisa que eu acredito é na Natureza, na força dela. Ela sim a gente vê e sente. Agora um ser que guia e sabe de toda a minha vida? Não, nisso eu não acredito.

É claro que eu devo estudar bastante para embasar mais essa minha opinião, esse meu ponto de vista. Porém, a questão principal é: não sinto.
Eu fui criada por um pai protestante e uma mãe católica. A religião que prevaleceu mesmo foi a Católica. Desde cedo já sabia todas as orações de cor, ia à missa, cantava as músicas e ouvia do meu pai, toda noite, "faz oração pro papai do céu".
Fui batizada em 1999. Fiz catequese e era dedicada, uma das melhores da turma até. Então veio a 1ª Eucaristia e lá estava eu bem feliz e com sono. Foi uma cerimônia realizada de manhã bem cedo. Tenho muitas fotos e estou bem serena em todas elas.
Enfim, minha vida até os 17 anos era voltada na crença de Deus. Eu sei bastante coisa da Bíblia, afinal, um dos meus primeiros livros foi a Bíblia Júnior, uma de capa vermelha. Eu ganhei em 1996/1997 se não me engano. Assim que o recebi fui logo ler. E quase toda noite minha mãe lia uma Bíblia de capa roxa para mim.
Então o tempo foi passando e eu fui indagando certas coisas que não faziam sentido algum para mim e pronto. No dia 1º de janeiro de 2008 eu era mais um ser ateu habitando um mundo onde a maioria acredita estar de passagem para, depois de provações, encontrar com o "grande poderoso" lá em cima.
Eu era um dos cativos do "Mito da caverna" e não foi fácil sair de lá não. Quando eu cheguei a conclusão de que para mim não existia esse ser que eu sempre acreditei existir, fiquei meio sem chão, desnorteada. E é aí que entra a discussão da sala de aula: o desencantamento do mundo.
Uma explicação rápida: Antes o mundo era visto como um jardim encantado. O politeísmo pregava haver um Deus por detrás de cada elemento da terra. Chegaram as três religiões monoteístas (cristã, judaica e islâmica) e tiraram o encantamento do mundo porque, de acordo com elas, Deus era um só e estava em uma outra dimensão. Dessa forma elas orientaram a ação do ser humano para seguir a palavra de Deus e agir corretamente para que, quando a morte chegasse, você fosse se encontrar com ele.
De fato, a religião traz valores morais e é racional você andar na linha (ou como diria Gabriel, "walk the line") para ter a paz eterna.
Então, seguindo a linha de raciocínio, chegou a ciência. Ela não tem solução para tudo, mas para QUASE tudo. Ela desencantou o mundo de vez e colocou a religião de lado, sentadinha (ou como diria Gabriel mais uma vez, "de joelhos"). A religião ainda tem o seu espaço, mas o mundo caminha cada vez mais para a racionalização.
Agora me diz, não faz mais sentido pensar que há um Deus, ou seja, algo luminoso, bondoso, por detrás de tudo que há na terra? Caramba, como viveríamos em harmonia. Mas aí nem preciso explicar o que aconteceu quando essa crença foi deixada para trás. Olhe à sua volta e veja por si só o que anda acontecendo.
Lembram quando disse que fiquei desnorteada? Pois então, não ter algo para acreditar, para se apegar te deixa vazio. Você deve ter um ideal, algo que te tranquilize.
Saber que Deus existe é confortante para alguns. Ele te oferece um sentido, te indica o caminho e de quebra ainda te dá a chave do portal divino se você seguir a palavra dele, ou melhor, acreditar nele.
A maioria que não acredita é honesta e tudo mais. De uma forma ou de outra você segue aqueles dez mandamentos. O mundo tem a distinção entre o que é certo e errado e a religião vai continuar prevalecendo nesses dois conceitos. Mas (suspiro) isso é muito complexo.

O que eu queria saber mesmo é: Em que você acredita?
Em um bando de nuvenzinhas com anjinhos pulando uma a uma? Em uma continuação? Ou... em que, afinal?
Sabe, eu acredito que o amor pode nos levar aonde a gente quiser.
É do ser humano ter essas ideias e acreditar que há algo maior esperando por ele.
Mas... será que já não existe algo maior aqui?
Não?! Tem certeza? Por que ficar esperando? E se não vier?
Ah vai, tem algo enorme dentro de você capaz de mover montanhas e tudo que você precisa nesse momento é VIVER.

Apenas... viver.

Um comentário:

  1. Confesso que sou bem sincretista: me conforto com orações católicas, sigo algumas filosofias budistas, acredito em uma força maior que seja Deus, Zeus, Alá, Maomé, D-us, Buda qualquer um dessas denominações, e sigo a minha felicidade, minha filosofia... Feliz, não é o que importa? ^^

    ResponderExcluir